O consumidor deseja manter a tradição, mas para isso adotou algumas mudanças
O Brasil vive uma segunda semana de Páscoa em um cenário de pandemia da Covid-19, o que causou modificação na venda e no consumo de produtos nesse período. Uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), em parceria com a Offer Wise Pesquisas, sobre as intenções de compra para a Páscoa, mostra uma redução de 10,5 milhões de consumidores frente à estimativa de 2019. Entre os que não devem comprar ovos ou chocolates porque estão endividados, desempregados, tiveram redução salarial ou estão distantes das pessoas que poderiam presentear, 78% afirmam haver influência do cenário da pandemia.
O presidente da ACII, Edmar Nabarro, comenta que esse é um ano difícil para a economia brasileira que está sendo impactada pela crise do novo coronavírus: “A gente pode perceber que o comércio está recessivo, as pessoas estão com medo de consumir e sem dinheiro. Então, estamos em um momento crítico esse ano, nós temos uma elevação nos casos de Covid-19, de óbitos e a paralisação das atividades econômicas, do comércio, da indústria e a prestação de serviços. Realmente essa Páscoa não será tão boa quanto nos anos anteriores. Estamos na segunda Páscoa em tempo de pandemia, então, é um momento crítico, mas acredito que vamos superar em breve”.
No entanto, apesar da redução nas compras e da crise econômica, a pesquisa CND e do SPC aponta que cerca de 102,7 milhões de brasileiros devem realizar compras para a Páscoa 2021, contudo, com algumas modificações para se adequar ao momento econômico vivenciado por uma parcela significativa de brasileiros. Entre os consumidores que vão realizar compras na Páscoa, a maior parte (40%) relata a intenção de gastar a mesma quantia do ano passado, enquanto 31% vão gastar mais e 26% garantem que gastarão menos.
A sócia proprietária do Mercantil Araújo, Amanda Araújo, conta que percebe uma mudança no consumidor desde ano passado em buscar a antecipação das compras e destaca a utilização das redes sociais para fomentar as vendas dos produtos de Páscoa. “Desde ano passado o comportamento do consumidor mudou, ano passado as pessoas compraram com antecedência e aí em cima da hora faltou ovo. A gente vendeu bem, mas ano passado muita gente ficou sem ovo por comprar em cima da hora. Por isso, este ano teve essa mudança. Ainda mais que este ano não conseguimos trazer muitos ovos para o supermercado e o pouco que veio está saindo muito rápido. Então, faço há mais de um mês uma campanha no nosso Instagram, @mercantil.araujo, fazendo resenhas, divulgando ovos, como também opções para presente de Páscoa com barras de chocolate e bombons. Este ano investimos bastante e estamos vendendo até bem, estou apenas com 20% do meu estoque, por que fiz um trabalho de antecipação nas redes sociais”, comenta Amanda.
Além disso, os dados ainda apresentam que 26% os entrevistados garantem que gastarão menos, sendo destes que 32% citam a intenção de economizar, 30% o fato de terem outros compromissos financeiros para pagar e 23% o orçamento apertado. Entre os que não pretendem comprar presentes e chocolates, os principais motivos são: priorizar o pagamento de dívidas (38%), estar desempregado (36%) e o fato de não gostar ou não ter o costume de comprar presentes e chocolates para esta ocasião (19%). Dessa forma, é evidente a intenção do consumidor em manter a tradição de Páscoa, com ovos e chocolates, mas adotando novas medidas para economizar diante do cenário financeiro. (Por Lorena Lacerda com informações da ACIASA)